ninguém se importa se você cair. O poço foi fechado em 2007, em uma das imensas reestruturações industriais, e com ele finalizaram mais de 2 séculos de história da mineração no vale do Tourão. Entre os ferros e os restos da gaiola (o elevador que desce pra mina), ainda parece ouvir a voz dos 1.470 trabalhadores que em outro tempo foram ao poço. Um deles era o pai de Orvalho Antela, hoje mineira do poço de Santiago, em Caborana: “Meu pai morreu de uma descarga elétrica nessa mina 6 meses antes de se aposentar”.
Foi um dos 600 mineiros que perderam a existência desde que abriram seus poços. Hoje, o abandono é o único que fica nas instalações. “Assim ficará a bacia mineira espanhola se os cortes impostos pelo Governo às ajudas à mineração consumidas”, diz a mineira. São sete da manhã e, vestida de abate, se toma um café no Parafuso, o sarilho em frente ao poço de Santiago.
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Mas eles não entrarão a trabalhar, visto que os mineiros de todas as bacias espanholas iniciaram uma greve por tempo indeterminado no dia 29 de maio e novas acções de protesto. “Tenho vindo a suprimir a rodovia com mulheres mineiras, nos sentamos de modo pacífica para exigir nossos direitos”, diz Orvalho.
Os mineiros protestam por alguns cortes de 63% em auxílios à indústria do carvão, neste momento pactuadas com a Europa até 2018 e que, pra tornar-se eficazes, “hundirán o setor”, admite Antela. De acordo com os mineiros, com esse ajuste -implica apagar as ajudas à exploração de 200 milhões de euros-, o carvão nacional está fadado ao colapso rápido e Espanha anticiparía seis anos, o fechamento, que pede a Bruxelas para as minas não competitivas. Os mineiros têm lutado durante séculos por defender os seus direitos, dizem; dessa vez, tentam ganhar a que poderá ser a última vasto competição da mineração espanhola. Orvalho Antela, aos seus 27 anos, leva três trabalhando a 600 metros de profundidade 7 horas por dia por um salário mileurista.
“Este é um daqueles salários privilegiados os que falam”, sorri com ironia. “Se as minas fecham, com seus 8.000 trabalhadores, das comarcas desaparecerão; como as peças de um dominó cairão as padarias, supermercados, cabeleireiros, escolas… e 50.000 pessoas perderão o teu serviço”.
Orvalho Antela, apesar de ser filha e neta de mineiro, não queria entrar no poço. “Meu pai quis que eu estudasse e fiz Audiovisuais e já preparo-Engenharia na Escola de Minas de são paulo, entretanto a falta de trabalho me fez entrar pela mina.”
E é que, nesta bacia, como admite Faustino Silva, de 40 anos, não há outra coisa: “a construção desapareceu, a siderurgia assim como e só resta a mina”. Tino, como lhe chamam, é especialista em trabalho mecanizado, que consiste em estar no ponto mais nocivo do poço, o corte, picando o carvão. “Às vezes não se vê nem sequer os pés do pó que houver, eu câmbio 4 vezes ao dia a máscara”. Os mineiros que trabalham nesses pontos são os que conseguem se aposentar antes. Sua irmã Sigrid inclui que a mina ninguém oferece nada: “Nós somos 4 irmãos, os 4 mineiros, eu baixei pela primeira vez ao poço, há 10 anos, quando o pequeno de meus três filhos, tinha nove meses”.